sábado, 16 de agosto de 2014

Cadastramento para eleições do Conselho Estadual de Cultura

Está disponível, a partir da próxima segunda (18/08), a plataforma virtual de cadastro destinada a candidatos e eleitores que desejam participar do processo eleitoral do Conselho Estadual de Cultura da Bahia (CEC-BA). Para se cadastrar, basta acessar o portal do CEC no endereço eletrônico www.conselho.cultura.ba.gov.br e clicar no banner “Eleições para o Conselho Estadual de Cultura”.

O pleito definirá os representantes dos segmentos culturais e processos do fazer cultural da sociedade civil no órgão. Candidatos e eleitores devem atuar em um dos segmentos culturais ou em um dos processos do fazer cultural. Esta atuação deve ser descrita de forma sucinta no campo currículo do formulário de inscrição. O prazo de cadastramento termina no dia 17 de outubro de 2014.

Serão eleitos 20 representantes, sendo 10 titulares e 10 suplentes, que irão compor 1/3 do total das vagas no órgão. Com a eleição, o CEC passará a ter dois terços de membros da sociedade civil e um terço de conselheiros indicados pelo poder público, conforme previsto na Lei Orgânica da Cultura da Bahia. Um terço das vagas da sociedade civil é destinado aos representantes de Territórios de Identidade Cultural, eleitos na V Conferência Estadual de Cultura, realizada em outubro de 2013, em Camaçari. As vagas do poder público ainda serão indicadas pelo governo.

Os novos conselheiros terão a função de contribuir para o cumprimento dos objetivos da Política Estadual de Cultura e fortalecer o seu papel como órgão colegiado da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Entre suas obrigações, está acompanhar e avaliar o planejamento e a execução da política cultural do Estado.

Fundado em 1967, o Conselho Estadual de Cultura da Bahia vive um momento ímpar na sua história. Será a primeira vez em 47 anos que suas portas serão abertas para conselheiros da sociedade civil escolhidos por meio de eleição.


CADASTRAMENTO E PRAZOS

De 18/08 a 17/10: Prazo para os eleitores e candidatos se cadastrarem na plataforma virtual disponível no portal do CEC-BA. Na plataforma, deve-se clicar na opção “clique aqui para se cadastrar como eleitor ou candidato no processo eleitoral”. Após a escolha entre as opções eleitor ou eleitor/candidato, deve-se preencher as informações solicitadas e aceitar as declarações que regulamentam a inscrição.

Até o dia 25/10: Um e-mail da comissão eleitoral com o resultado da avaliação do cadastro será enviado aos participantes.

De 06/10 a 28/10: Prazo para envio do recurso no caso dos cadastros que foram identificadas pendências que impossibilitou sua aceitação.

Até o dia 31/10: Divulgação da lista definitiva dos cadastrados aptos a votarem e a serem votados no pleito.

De 03 a 23/11: Período em que aqueles que tiveram seus cadastros validados devem acessar novamente a plataforma virtual, preencher as informações de acesso cadastradas na “Área do Eleitor” e realizar seu voto.

O calendário completo, que reúne todas as datas relativas ao processo eleitoral, está disponível em www.conselho.cultura.ba.gov.br/publicada-portaria-que-define-processo-eleitoral-do-conselho-de-cultura-da-bahia/. O decreto que regulamenta o processo eleitoral também está disponibilizado no site do Conselho, na aba Documentos. Mais informações no site do Conselho Estadual de Cultura: www.conselho.cultura.ba.gov.br.

Por: Site SECULT/BA

Jairo Rodrigues, guardião da memória de Francisco Biquiba Dy Lafuente Guarany

Jairo Rodrigues (Foto por: Rosa Tunes).
“A memória é um elemento essencial do que se costuma chamar identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje, na febre e na angústia”. 
Jacques Le Goff 


Considerando a memória como um produto social dotada da extraordinária capacidade de conferir sentido ao presente, é possível afirmar que ela é a principal matéria prima que compõe as experimentações da nossa vida, e por sorte, temos alguns sujeitos que atribuem a si, normalmente com recursos próprios e algumas dificuldades, a difícil e prazerosa missão de preservar um acervo de pequeno ou médio porte na ausência de espaços públicos que cumpram esta função.
Foto de pintura em tela de autoria de Jairo Rodrigues.
(Foto por Rosa Tunes).
Normalmente estes guardiões tem o propósito de conservar, manter e democratizar o acesso à memória local, com o objetivo de contribuir na educação do patrimônio material e imaterial da região, fortalecendo o sentimento de pertencimento através da problematização das complexas relações entre o passado e o presente.
Jairo Rodrigues em montagem de exposição sobre as obras de Guarany.
(Foto por Purky)
É consenso entre os interessados que o Mestre Guarany figura como a maior expressão artística de Santa Maria da Vitória. Sua arte popular é conhecida e admirada pelo mundo, sobretudo, pelo facínio místico que as suas carrancas expressam. Produtor de uma estética extremamente particular, o Mestre Guarany revela o universo simbólico e cultural do imaginário dos povos ribeirinhos do Vale do São Francisco, obliterado pela predominância das embarcações a vapor na segunda metade do século XX. 
Jairo Rodrigues em montagem de exposição sobre as obras de Guarany.
(Foto por Purky)
Sua primeira carranca foi produzida em 1901 com o propósito de produzir figuras assombrosas para espantar as criaturas místicas que por ventura pudesse trazer perigo para as embarcações, em 1940 encerra o ciclo genuino de produção de carrancas para as proas das embarcações do Rio São Francisco e inicia a sua fase artística propriamente dita. Até este momento foram produzidas cerca de 80 peças.
Jairo Rodrigues em montagem de exposição sobre as obras de Guarany.
(Foto por Purky)
A década de 1960 foi o período de revelação do potencial artístico do artista. Em 1968 o Mestre Guarany recebe o título de Membro Honorário da Academia Brasileira de Belas artes, nos anos 70 participa do II Festac – o impacto da cultura africana no Brasil em Lagos na Nigéria, na década de 80 o projeto “Guarany 80 anos de arte” expões suas carrancas em vários Estados: Museu da Marinha do Brasil no Rio de Janeiro, MASP - Museu de Arte de São Paulo, Teatro Castro Alves em Salvador, Teatro Municipal de Brasília, foi homenagiado por Carlos Drummond de Andrade com o poema Centenário.
Jairo Rodrigues ao lado de Guarany.
(Foto do acervo pessoal)
Diversos trabalhos cientificos foram desenvolvidos para conhecer melhor o universo artístico do escultor, entre eles encontram-se: Carrancas do São Francisco – Paulo Pardal. Ministério da Marinha – Rio de Janeiro; Navegantes da Integração de Zanone Neves – UFMG; A Época de Ouro do Corrente de Avelino Fernandes de Miranda – UCG; A Mão Afrobrasileira de Emanoel Araújo – Ministério da Cultura – Brasília; O Rio São Francisco – Codevasf e Mercedes Benz; tem obras no Museu do México
Jairo Rodrigues.
(Foto por: Rosa Tunes)
Jairo Rodrigues, artista plástico, professor de História e Arte, é também, guardião do mais completo acervo de que se tem registro sobre o Mestre Guarany. Há trinta anos, o Artista “garimpa” e conserva, com dedicação e zelo paternal, uma vez que o próprio Guarany e a sua família o escolheu como guardião, um acervo documental diversificado sobre a vida e obra do lendário Carranqueiro. Seu acervo é composto de documentos primários, como certidões, fotografias, revistas, jornais, assim como documentos secundários, livros de arte, teses e dissertações produzidas sobre a arte e a vida do Mestre Guarany. 
Jairo Rodrigues ao lado de tela de Guarany e da carranca Bitazaro.
(Foto por: Rosa Tunes)
A carranca Bitazaro também faz parte do seu acervo, foi produzida por Guarany na década de sessenta. Jairo também conserva praticamente toda oficina e as ferramentas usadas pelo carranqueiro até o final da sua vida em 1985 aos 103 anos. Guarany tem sido fonte de inspiração para várias telas pintadas por Jairo, tanto nas representações das embarcações e carrancas, como de telas que figura o próprio carranqueiro.
Jairo Rodrigues ao lado da carranca Bitazaro.
(Foto por: Rosa Tunes)
Entretanto, não podemos deixar de mencionar o vasto conhecimento que o professor detem sobre o tema, primeiro pelo fato de ter vivido e conhecido de perto o velho carranqueiro. Desta forma, o Professor e artista Jairo Rodrigues pode e deve ser batizado como guardião da memória particular do Mestre Guarany, assim como da memória coletiva da arte popular do vale do São Francisco.

Washington Andrade – historiador e professor da rede Estadual de Educação da Bahia.