quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Bloco “Zé Pereira”: resgate e tradição de um carnaval popular

Há mais de 13 anos o bloco "Zé Pereira" vem realizando o maior carnaval popular de Santa Maria da Vitória

Carnaval é uma das maiores festas populares do planeta e no Brasil se encontra em vários regiões, principalmente do nordeste e sudoeste, mas é na Bahia que recebe o axé se tornando a festa mais popular do estado movimentando aspectos culturais e econômicos.
Foto por Rosa Tunes
Nessa grande festa surgem os famosos blocos que historicamente tinham por objetivo agrupar pessoas que desfilavam no carnaval de forma organizada trajadas de fantasias e embaladas ao som de marchinhas eletrizantes. A alegria era completa e as cordas não segregavam classes sociais.
Foto por Rosa Tunes
O bloco do “Zé Pereira” é o mais antigo que se tem notícias no carnaval de Santa Maria da Vitória, depois deles outros existiram e até mesmo ele se reinventou, mas não é uma expressão própria da região. Em nossa cidade iniciou-se através de charangas composta por músicos da extinta filarmônica “Lira da Vitória” e da centenária “ 6 de Outubro”, mas perdeu-se com tempo. Em 2004 foi resgatada através de um grupo de jovens músicos e foliões orientado por Jailton Souza e Nayark Pereira (professor de percussão), contando com equipe de coordenação Suely Melo, Fabrício Santos e Marcelo Pereira.
Foto por Rosa Tunes
Segundo pesquisas, o “Zé Pereira” surge no Brasil por volta de 1850 quando um sapateiro português reunindo amigos agitou as ruas do Rio de Janeiro tocando tambores saudando a primeira hora do carnaval, daí porque a primeira saída é na noite de véspera do carnaval. A manifestação influenciou outros e logo se popularizou.
Foto por Rosa Tunes
Nos últimos anos são cerca de 2500 a 3000 pessoas de várias idades que acompanham a folia ocorrida pelas ruas e bairros da cidade. Esse marco histórico é fruto do talento de músicos dedicados a preservação de uma cultura centenária repleta de valores simbólicos.
Foto por Rosa Tunes
No que compete a formação dos músicos Jailton Souza avalia que um projeto como esse visa “a valorização da profissão do músico, pois tem se tornado uma das principais batalhas travadas uma vez que muitos sobrevivem com e do exercício da música não só como fator de transformação social, mas também como componente da identidade cultural. A cada ano contamos como o apoio do próprio povo para fomentar essa manifestação que a todos seduz e alegra. Assumimos o compromisso de contribuir com a manutenção desse festejo carnavalesco cientes de que os foliões nos aguardam para mais um ano de diversão sadia e sem discriminação”.
Foto por Rosa Tunes
Leia abaixo entrevista com Jailton Souza (educador musical e mestre de banda) vamos conhecer um pouco dessa tradicional manifestação cultural presente em nossa cidade.

Culturas Corrente: Como o bloco sobreviveu nesses 13 anos?
Jailton Souza: Com a dedicação dos músicos buscando resgatar e preservar valores simbólicos da tradições do carnaval de rua – repertório de marchinhas frevos e sambas de épocas de ouro da música brasileira.

Culturas Corrente: De que forma vocês conseguem financiamentos para o projeto do bloco e quem são esses financiadores?
Jailton Souza: Através da busca por apoio e patrocínio de comerciantes e entusiastas da cultura local convertidos a um abadá simbólico vendido para ampliar os recursos e, consequentemente, custear as despesas.

Culturas Corrente: Se a proposta do bloco é ser um carnaval popular porque a existência do abadá?
Jailton Souza: A venda dos abadás partiu da orientação dos próprios foliões percebendo a necessidade de recursos. Mas a iniciativa não é excludente, toda a população é bem-vinda a curtir a folia carnavalesca.

Culturas Corrente: Onde e como comprar?
Jailton Souza: Podem ser adquiridos com os representantes, a coordenação e os músicos da orquestra.

Culturas Corrente: De que forma vocês acreditam que estão contribuindo com o desenvolvimento cultural da região?
Jailton Souza: Num clima de alegria e reencontros proporcionamos momentos de festividade coletiva envolvendo público de diferentes gerações entorno a preservação da memória cultural uma manifestação centenária. 

Culturas Corrente: O “Zé Pereira” contribui com o ‘resgate’ da cultura carnavalesca?
Culturas Corrente: Sim, há uma nítida contribuição quanto aos estilos musicais apresentado. As obras atravessaram gerações com canções que fazem parte da trajetória da música popular brasileira.

Culturas Corrente: Quem são os músicos que participam? E qual a relação da Sociedade Lira do Corrente com o bloco?
Jailton Souza: A reunião de músicos de formados no “Projeto Meninos do Corrente, da Sociedade Filarmônica Lira do Corrente, culminou no surgimento Orquestra Popular do Vale do Corrente (OPOVAC) projeto que também conta (ou já contou) com a participação de músicos das cidades vizinhas – Correntina e Bom Jesus da Lapa. A relação dá-se no ano de fundação da Lira do Corrente com primeiro ano de resgate ao bloco “Zé Pereira”. Este ano a OPOVAC está composta pelos seguintes músicos: SAXOFONES: Jailton Souza, Uanderson Gusmão, Ernane Domingues, Marcelo Pereira, Rogério Alvez, Stanley Mesquita e Saulo Santos. TROMPETES: Fabrício Santos, Isaac Souza, Junior Santos e Cristione. TROMBONES: Joseanderson Marques, Pablo Castro, Rafael Mesquita, Tiago Costa, Maicon Nunes. PERCUSSÃO: Diego Silva, Nayark Pereira, Gabriel Dourado e Erliton Rocha

Culturas Corrente: Existe algum subsídio do governo municipal e ou até mesmo estadual? Se sim de que forma contribuem?
Jailton Souza: Este ano não tivemos apoio financeiro do município, o gestor contribuiu financeiramente como pessoa física. O projeto ainda não pleiteou recurso estadual.

Culturas Corrente: Quais as principais dificuldades de vocês?
Jailton Souza: O baixo recurso para manutenção (cachê, hospedagem, alimentação); poucas oportunidades para apresentações; consequentemente a ampliação do quadro de músicos.

Por Culturas Corrente

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